terça-feira, 7 de junho de 2022

Precarização da oferta de alimentos no mundo

 A crise mundial de desabastecimento, que já é mais do que tensa em todo o planeta, ganha um novo capítulo com a situação na Ucrânia. Mesmo com grande parte das regiões produtoras de grãos da Ucrânia não tendo sido afetadas com a guerra, todos os principais portos do país estão bloqueados pela Rússia, e isso é um obstáculo para o fluxo normal do  comércio com com outras economias. Ademais, a invasão russa na Ucrânia causou diversos problemas para áreas como a dos combustíveis, assim uma outra commodity (são basicamente matérias-primas) relevante é prejudicada  neste conflito armado: o trigo.


Vale ressaltar que a Ucrânia é uma importante peça no tabuleiro do abastecimento de grãos e derivados ao redor do mundo, contribuindo com cerca de 42% de todo comércio global de óleo de girassol, 16% de toda a produção de milho, 10% de cevada e 9% de trigo. Outra situação agravante é que o Programa Mundial de Alimentos da ONU conta com cerca de 40% de todo trigo da Ucrânia para ser distribuído pelos países em situação de vulnerabilidade social e econômica. 


Apesar do país poder utilizar sua malha ferroviária para exportar as 20 milhões de toneladas de grãos paradas, novas colheitas acontecerão em semanas e a situação pode se tornar ainda mais complicada, gerando mais desabastecimento para os mercados globais. Haja vista que nos anos de 2022 e 2023, a Rússia deverá ser responsável por 20% da produção mundial de grãos, aumentando as suas vantagens em uma negociação com a Ucrânia e como mundo, assim como o gás e petróleo, do Kremlin contra a pressão do ocidente, o que já está em curso. Vale ressaltar que a Rússia negou o pedido da Organização das Nações Unidas (ONU) de criação de um corredor de isolamento na Ucrânia para que os grãos produzidos no país invadido pudessem ser exportados, o que é um verdadeiro problema para países que necessitam desta oferta de alimentos. Para o Kremlin, este é um problema que será resolvido com a retirada das sanções econômicas impostas aos invasores, e com uma retratação por parte da Otan.

 

Em seu discurso via teleconferência no Fórum Econômico Mundial de Davos, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky afirmou ter 22 milhões de grãos em estoque no país e pediu ajuda para escoar os produtos para nações europeias. Mais ainda assim o contexto  da oferta de trigo não é suficiente, haja vista que ondas de calor tem afetado negativamente a produção em países como a Índia.


O governo americano planeja injetar US$ 2,1 bilhões para movimentar o setor alimentício no país que vem enfrentando uma série de problemas no abastecimento desde 2020, e o pacote de investimentos tenciona fortalecer as bases da indústria. O pacote visa aprimorar as áreas de produção, processamento, logística, além de melhorias gerais no setor. O projeto busca contemplar empresas de médio e pequeno porte, assim como frigoríficos e fazendas de produtos orgânicos. Com o advento da pandemia, a população procurou estocar alimentos gerando nos EUA sérios problemas de abastecimento, e isso somado a crise de insuficiência de demanda houve um aumento no nível geral de preço em uma proporção mundial. Um solução para este problema é o governo agir aumentando a diversificação da cadeia de suprimentos para aliviar a pressão da demanda.


Kleydson Jurandir Gonçalves Feio - Economista/ Mestre e Doutorando em Economia

Elias Miguel Árabe Neto - Aluno de Contabilidade da Faculdade UniBrasília

Gilmar de Oliveira  Júnior - - Aluno de Contabilidade da Faculdade UniBrasília

Karen Luiza de Souza - Aluna de Contabilidade da Faculdade UniBrasília



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.:

https://www.sna.agr.br/agronegocio/

https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-agricola/comercializacao-e-abastecimento

https://www.gov.br/agricultura/pt-br

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